15 anos da lei de biossegurança: o caso da soja GM no Brasil


15 anos da lei de biossegurança: o caso da soja GM no Brasil

 

A angústia é uma característica fundamental da existência humana, conforme retratado pelo filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976). Essa perturbação angustiante causada pela sensação de presença ou perspectiva de uma situação em que a segurança está em jogo é o medo. Medo, uma emoção forte que inibe a capacidade de argumentar metodicamente sobre qualquer assunto. O medo da ciência.

Tomemos o exemplo das vacinas; a vacinação generalizada contra a varíola começou no início de 1800 e, desde então, houve críticas de sanitaristas, religiosos, acadêmicos e políticos, sem base científica. Outro exemplo, que apareceu com enormes implicações éticas na época, foi o primeiro mamífero clonado, a ovelha Dolly, em 1996. Embora a clonagem seja um método muito mais complicado do que a maioria das pessoas pode entender, as discussões apresentadas na mídia, nos sistemas legais e, pior ainda, nos filmes, perpetuaram a ideia de que a clonagem representa um perigo iminente. E o medo dos transgênicos?! Quase 40 anos após a entrada no mercado do primeiro produto transgênico, a insulina humana produzida em bactérias, a discussão sobre a segurança dos transgênicos ainda ressoa.

Em todos os casos, sempre houve gritos de moratória. Mas a ciência e o avanço tecnológico não devem ser interrompidos, especialmente quando a ideologia tenta substituir o método científico.

É exatamente o que esse livro nos mostra, ao discorrer sobre a história da soja no Brasil e o papel da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, a CTNBio.

Dra. Patricia Machado Bueno Fernandes

Ex-membro da CTNBio (2005 a 2020)