ILSI em Foco – fevereiro 2022 – Entrevista

Impactos e efeitos da pandemia na saúde física

Os 24 meses que a pandemia de Covid-19 completa no mês de março acumulam inúmeros impactos na saúde da população no mundo todo. Para falar a respeito dos aspectos nutricionais durante o período e seus impactos na saúde física, entrevistamos a Dra. Aline Piano, uma das convidadas do ILSI Brasil para o webinar “Saúde física e o período da pandemia de Covid-19”, realizado pela Força-tarefa Estilo de Vida Saudáveis e Sustentáveis, no final de 2021.

IB: Como a pandemia de Covid-19 vem impactando a saúde física da população brasileira?
AP: Podemos notar o impacto da pandemia em toda população mundial, destacando o impacto econômico, aumento da insegurança alimentar, onde em números, podemos observar em nosso país que 16,8 milhões de pessoas convivem com algum grau de Insegurança Alimentar, 43,4 milhões não têm alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões de brasileiros e brasileiras enfrentam a fome. Além disso, as consequências do isolamento social podem ser vistas diretamente no comprometimento da saúde física e mental, uma vez que o período de isolamento proporcionou maior tempo de exposição à telas, associado à ansiedade, depressão e outros fatores estressantes. Tudo isso pode favorecer alterações no comportamento alimentar, comer disfuncional, maior risco para o ganho de peso, bem como para o desenvolvimento de transtornos alimentares. Dados da literatura apontam que adolescentes apresentaram um maior consumo de alimentos doces, provavelmente devido ao tédio e estresse produzido pelo confinamento da Covid-19.

IB: Qual o efeito desse impacto a curto, médio e longo prazo para a saúde do indivíduo?
AP: Em curto prazo podemos notar o aumento dos desvios nutricionais, como a desnutrição e a obesidade, comer disfuncional, aumento da insatisfação com a imagem corporal, além de comprometimento importante da saúde mental. No médio e longo prazo, poderá haver outras implicações, como o aumento de doenças e comorbidades crônicas não transmissíveis ao longo de toda a vida destes indivíduos, comprometendo o estilo, qualidade e expectativa de vida.

IB: De que maneira a saúde pública será afetada pelo atual quadro? É possível revertê-lo?
AP: Ressalta-se a importância de estudos em grande escala que analisem os hábitos e comportamentos alimentares em diferentes faixas etárias alimentares para estimular a adoção de dietas saudáveis, assim como a promoção de melhoria na qualidade de vida, por meio da qualidade e higiene do sono, prática de exercícios físicos e saúde mental, especialmente após este período de confinamento. Compreendendo o comportamento nutricional da população durante o isolamento da Covid-19, as autoridades de saúde pública poderão reformular as políticas futuras, quando novas pandemias chegarem, minimizando os efeitos maléficos proporcionados por ela e pelo isolamento social.

IB: Em março entraremos no terceiro ano da pandemia no Brasil, qual a recomendação para amenizar os transtornos alimentares e melhorar a qualidade nutricional?
AP: Medidas preventivas e programas de promoção de qualidade de vida, promover melhor relação e satisfação com a imagem corporal, redução de tempo de tela e mídias sociais, seguir uma dieta balanceada e atenção a possíveis comportamentos de risco para comer disfuncional e transtornos alimentares, como dietas restritivas, dietas da moda, omissão de refeições, práticas purgativas. Por fim, monitorar e tratar questões associadas ao bem-estar emocional e físico.

Assista a apresentação completa da Dra. Aline de Piano