XX Simpósio Internacional sobre Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos

Interação cérebro, microbiota e funcionais: atualidades.
Sessão Virtual, Brasil
30/11/2021 – 02/12/2021
10:00 – 12:00
Zoom webinars

Interação cérebro, microbiota e funcionais: atualidades

Este foi o tema do XX Simpósio Internacional sobre Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos

Promovido pelo ILSI Brasil, de 30 novembro a 02 de dezembro, o XX Simpósio Internacional sobre Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos, abordou nessa edição o tema “Interação cérebro, microbiota e funcionais: atualidades”. Sob coordenação científica do Dr. Franco Maria Lajolo (FCF USP) e da Dra. Barbara Peters (IFF), o encontro foi dividido em três blocos: Abertura e introdução; Compostos da microbiota e ação neurológica; e Ação de compostos bioativos e adaptógenos no Sistema Nervoso Central, e contou com a moderação de Dr. Christian Hoffmann (FCF USP) no segundo dia do Simpósio.

O envelhecimento e a senescência cognitiva

Na palestra de abertura “Mecanismos fisiológicos relacionados ao envelhecimento neurológico”, Dr. Alexandre Busse (FMUSP) falou sobre a senescência cognitiva. Antes de entrar no foco central da aula, Busse contextualizou o tema. “A previsão é de que a população acima dos 60 anos seja maior do que a população até os 20 anos, até 2050, especialmente nos países em desenvolvimento, como é nosso caso. Isso implica no aumento das pessoas com demência, gerando um impacto para a sociedade”.

O envelhecimento da população é atribuído ao fato de a expectativa de vida estar maior enquanto ocorre a diminuição da fecundidade. Entretanto, já temos pessoas mais jovens com queixas cognitivas, especificamente com queixas de atenção, devido o ritmo de vida contemporâneo: excesso de informações, período menor do sono e tarefas múltiplas.

Confira a gravação da aula com Dr. Alexandre Busse

 

Pesquisa com microbiota fecal transplantada

Abordando “Cérebro, inflamação e compostos bioativos”,  Dr. David Vauzour (Universidade de East Anglia) também iniciou a palestra com um panorama global do envelhecimento da população. Segundo o Relatório Mundial de Alzheimer (2019), há 50 milhões de pessoas no mundo com demência, atualmente, com previsão de chegar aos 152 milhões até 2050.

Vauzour pontuou a influência dos genes e do estilo de vida no funcionamento do metabolismo, além da evidente conexão entre a microbiota e o funcionamento do cérebro. “Todos eles juntos afetam o nosso fenótipo. Numa pesquisa realizada em camundongos, foi transplantada a microbiota fecal de animais idosos em animais jovens, e observou-se que o aprendizado espacial e a memória dos camundongos jovens foram afetados”, relatou David Vauzour.

Assista a apresentação completa do Dr. David Vauzour

 

Eixo intestino-microbiota-cérebro

A primeira palestra do segundo dia do encontro, “Mecanismos moleculares eixo cérebro-intestino”, esteve a cargo do Dr. Dan Waitzberg (Ganep). O médico cirurgião explicou que a ideia da relação do intestino com o cérebro data dos anos 1980. A partir de 2010, formulou-se o conceito da microbiota com partícipe - o eixo intestino-microbiota-cérebro. “Se fosse para resumir a influência da microbiota intestinal sobre o sistema nervoso central, poderíamos dizer que as substâncias secretadas pela MI podem infiltrar vasos sanguíneos e ir direto para o cérebro. Os microrganismos podem ativar células neurológicas no epitélio intestinal, estimulando o nervo vago e se conectando com o cérebro. Indiretamente, micróbios ativam células enteroendócrinas no epitélio intestinal que disparam hormônios para todo o corpo. Mais indiretamente ainda, micróbios influenciam células imunológicas que afetam o intestino”, resumiu o médico.

Confira na íntegra a palestra do Dr. Dan Waitzberg

 

Estudos com probióticos e posbióticos

Na sequência, a pesquisadora Dra. Sofia Forssten (IFF) começou sua apresentação fazendo uma breve introdução a respeito da microbiota e cognição, para, então, definir de maneira sucinta o que são “probióticos” e “posbióticos”, tema principal da sua palestra. Forssten explicou os mecanismos de atuação dos probióticos e seus efeitos neurológicos nos sintomas depressivos, em estudos pré-clínicos e clínicos.

“Nos estudos pré-clínicos, houve a redução dos hormônios do estresse crônico, o aumento da saúde neuronal bem como do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), assim como o aumento dos níveis de triptofano. Constatou-se ainda a melhora da memória, além da redução dos sintomas de ansiedade e da depressão. Em relação aos estudos clínicos, 3/5 deles apresentaram melhora no humor, 5/7 dos resultados apontaram melhora no quadro de estresse e ansiedade, e três estudos relevantes, voltados para cognição, mostraram resultados conflitantes na melhoria das habilidades de enfrentamento e também na memória”, relatou a cientista.

Assista a aula completa com a Dra. Sofia Forssten

 

Dieta nutricional X degeneração macular

No último dia do Simpósio, a Prof. Dra. Elizabeth Johnson (Tufts University) abriu o encontro com a palestra “Luteína e degeneração macular”. Johnson iniciou sua apresentação mostrando a anatomia dos olhos e suas funções, e, ainda, a visão de uma pessoa com degeneração macular. Os sintomas e as teorias acerca da patologia também foram expostos, e, da mesma forma, os fatores de risco para a degeneração macular.

“Um estudo, feito há 20 anos, indicou que a ingestão em quantidade acima das recomendadas de alguns antioxidantes e zinco apontaram uma significativa diminuição nos avanços da progressão da Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), das formas intermediárias para os estágios finais. Começou aí o entendimento de que a dieta desempenha um grande papel na prevalência da doença em idosos. Outro estudo avaliando a dieta de 4 mil pessoas indicou que aqueles que tinham uma grande ingestão de luteína diminuíam a progressão da doença”, contou a professora Elizabeth.

Confira a apresentação do Dra. Elizabeth Johnson

 

Ácidos graxos e proteção do cérebro

A palestra seguinte, “Ação neurológica de lipídios”, foi ministrada pelo Prof. Dr. Rodrigo Valenzuela (Universidade do Chile). O professor apresentou a composição de ácidos graxos no cérebro humano, as pesquisas que tiveram grande contribuição para o estudo dos ácidos graxos poliinsaturados, incluindo um estudo que demonstrou a importância do ácido alfa-linolênico para o ser humano. Além disso, as pesquisas relacionando a ingestão e a falta de ácidos graxos em diferentes etapas da vida também foram exibidas pelo ministrante.

“Podemos proteger nosso cérebro tanto no nível cognitivo como no nível emocional com uma dieta rica em ácidos graxos poliinsaturados, ômega-3 e ácidos graxos moninsaturados, e pobre em ácidos graxos saturados”, enfatizou Valenzuela.

Assista na íntegra a aula do Dr.Rodrigo Valenzuela

 

Eixo hipotálamo-hipófise- adrenal

Por fim, o Prof. Dr. João Ernesto de Carvalho (FCF Unicamp) palestrou sobre “Adaptógenos”. Começando pela definição genérica e restrita dos adaptógenos, Carvalho descreveu a relação entre o hipotálamo e a glândula pituitária e hipófise, e de que maneira essas regiões do cérebro controlam uma série de processos, como a produção de ocitocina, vasopressina, hormônios sexuais e de crescimento, dentre muitas outras funções.

“A glândula pituitária é uma região do sistema nervoso central muito pequenina, mas com um poder regulador de várias funções fisiológicas. Especificamente, no eixo hipotálamo, adenoipófise e córtex adrenal - relacionado a produção de cortisol, que aumenta em situações de estresse. Quando se fala em adaptógenos tem que falar do cortisol e da adrenalina”, pontuou o professor.

Confira a palestra do Dr. João Ernesto de Carvalho

 

 

XX Simpósio Internacional - Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos:

Interação cérebro, microbiota e funcionais: atualidades.

Coordenação científica: Dr. Franco Maria Lajolo (FCF USP) e Dra. Barbara Peters (IFF)

30 de novembro: 10h - 12h: Abertura e introdução: 

  • Mecanismos fisiológicos relacionados ao envelhecimento neurológico: Alexandre Busse (FMUSP)
  • Cérebro, inflamação e compostos bioativos: David Vauzour (Universidade de East Anglia).

01 de dezembro 10h - 12h: Compostos da microbiota e ação neurológica. 

Moderação: Christian Hoffmann (FCF USP)

  • Mecanismos moleculares eixo cérebro-intestino: Dan Waitzberg (Ganep).
  • Probióticos e posbióticos: Sofia Forssten (IFF)

02 de dezembro 10h - 12h: Ação de compostos bioativos e adaptógenos no Sistema Nervoso Central.

  • Luteína e degeneração macular: Elizabeth Johnson (Tufts University).
  • Ação neurológica de lipídios: Rodrigo Valenzuela (Universidade do Chile).
  • Adaptógenos: João Ernesto de Carvalho (FCF Unicamp).

Gravação disponível