Desvendando a Complexidade da Dieta Saudável: Entre Tradições e Ciência

Nos dias atuais muito se discute sobre “Dieta Saudável” e nesse contexto surgem vários questionamentos, pois os indivíduos se alimentam motivados por suas culturas, que durante milênios foram passados de geração em geração, entretanto, se nos apoiarmos na literatura, vamos observar que o conhecimento científico sobre o desenvolvimento do ser humano tem mostrado benefícios que podem ser obtidos por meio da Alimentação.

Dessa forma, baseados em estudos sobre a longevidade de alguns grupos populacionais, se procurou conhecer seus hábitos alimentares e se esses seriam responsáveis pelas melhores condições de saúde e de vida como um todo. Foi assim que até os dias atuais o padrão alimentar que mais se tem destacado é o da Dieta Mediterrânea, que está baseada no maior consumo de vegetais, frutas, legumes, peixe, aves, ovos, leite e nozes, e em menores quantidades de carne vermelha.

A partir desse conceito, na atualidade vemos uma tendência para a indicação de dietas baseadas em plantas com muito pouco ou nenhum consumo de produtos de origem animal, o que tem levado muitos cientistas a estudarem o impacto dessas condutas na saúde dos indivíduos, com resultados nem sempre auspiciosos, mostrando que elas podem levar a deficiências principalmente de micronutrientes.

Dietas visando reduzir o risco de doenças ou até mesmo melhorar as condições de quem já apresenta alguns distúrbios também têm sido difundidas, como por exemplo a dieta DASH voltada para quem tem hipertensão, além daquelas restritivas para alguns nutrientes como gluten, lactose etc.., e ainda as que indicam períodos de jejum.

Certamente, cada caso deverá ser avaliado isoladamente, e a indicação de uma dieta saudável deverá ser feita para cada indivíduo, baseada em suas condições de saúde ou de doença, com uma composição balanceada entre proteínas, gorduras e carboidratos, e ainda que proporcionem as quantidades adequadas de minerais, vitaminas, compostos bioativos e fibras.

Portanto, como se pode perceber, esse tema é muito complexo. Podemos indicar que uma dieta mais rica em frutas e verduras para a população brasileira que em geral tem muito pouca ingestão, seria importante, que diminuir o consumo de carne que em geral é alto, também seria uma indicação considerando o gosto da população para o churrasco em todas as classes sociais. Porém esse é o hábito da população brasileira que também deve ser considerado.

De outro lado, podemos considerar que na atualidade os indivíduos estão cada vez mais confusos com tantas informações veiculadas nas mídias sociais, indicando que tal alimento faz mal e outros são superalimentos, quando na verdade cada alimento tem o seu propósito. Por exemplo, as gorduras são necessárias para o nosso organismo, e segundo o que se preconiza é importante haver um balanço entre as monoinsaturadas, polinsaturadas e saturadas, considerando o valor calórico total da dieta. Os alimentos ricos em carboidratos como cereais e leguminosas também devem ser consumidos, não apenas por ser uma base importante da alimentação brasileira, mas também por suas propriedades nutricionais. Nosso cérebro utiliza como fonte energética prioritária a glicose, portanto precisamos garantir um mínimo diário.

Podemos também colocar a questão do processamento dos alimentos, muitas vezes imprescindíveis para garantir o abastecimento e evitar desperdícios, e que na atualidade vemos pessoas inclinadas a eliminarem de suas refeições por preconceito. Sempre costumo dizer que não existe alimento ruim, mas qualquer um pode se tornar se consumido em excesso.

Finalizando, certamente nossas escolhas alimentares devem priorizar alguns grupos alimentares como salientado, tendo como objetivo a manutenção da saúde, e aí vem alguns pontos para reflexão: vamos comer tendo consciência do que estamos consumindo? Conseguimos avaliar nossas dietas conhecendo os alimentos que nos proporcionam mais nutrientes? Informações fidedignas estão disponíveis nas redes sociais? Qual o impacto das fake-news? Se precisarmos substituir uma refeição por um lanche, qual a frequência desse comportamento? Não deveríamos ter um tempo para sentarmos com a família ou amigos para fazer uma refeição completa? Assim, dada a complexidade da vida moderna, os desafios para se garantir uma alimentação saudável, esperamos ter pelo menos levantado algumas questões para que a alimentação seja motivo de reflexão para todos.

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