ILSI em Foco – julho 2020 – FT

Uso de OGM na Indústria de Alimentos

Por Dra. Deise Capalbo (Embrapa), Coordenadora Científica da Força-Tarefa Biotecnologia

 

O webinar realizado pela Força-Tarefa Biotecnologia do ILSI Brasil levantou diversas questões sobre o tema. Aqui está um breve resumo delas:

Durante nosso dia a dia, em casa ou na indústria de alimentos, muitas questões aparecem: o que é um organismo geneticamente modificado (OGM)? para que serve? é seguro e quem garante? dá para saber se tem OGM no meu prato? E os rótulos – o que realmente informam?

Segundo Gustavo Belchior, a evolução (do homem, da agricultura, da ciência) definiu o que somos nos dias de hoje. Se o Brasil já tem e pode usar conscientemente a flexibilidade e alta capacidade produtiva na geração de alimentos, então basta seguir tomando decisões com base na melhor ciência para garantir produtos seguros que farão frente às preferências e novos hábitos alimentares da população. Segundo ele, o equilíbrio entre agricultura e preservação ambiental (usando OGM e outras ferramentas modernas) é o que garante uma boa oferta para as gerações futuras.

A  biotecnologia ofereceu ao homem diversos produtos como insulina, hormônio de crescimento e novas plantas mais nutritivas; e poderá seguir oferecendo inovações. E quem confere e garante a segurança? Maria Lucia Z. Dagli explicou que no Brasil, é a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), com sólida base cientifica e transparência das decisões. Mostrou que os vegetais GM processados nas indústrias de alimentos, até o momento, são seguros (segundo a CTNBio e organizações como Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Mas se consegue monitorar a presença de OGM nos produtos que são usados pela indústria? Quem regula
isso e com que ferramentas? Pablo Molloy respondeu como é a sistemática analítica e suas implicações para a indústria de alimentos e o quanto cada análise é relevante, ou não. Esclareceu que o assunto pode ser controverso, mas que o conhecimento científico é primordial para interpretar dados e tomar decisões acertadas.

Mas e o rótulo dos produtos processados? Porque há tanta discussão sobre a rotulagem dos OGM? Patrícia Fukuma mostrou que o direito à informação (que deve constar no rótulo) não pode ser confundido com questões de segurança – que é feita pela CTNBio e precede a rotulagem. Para compreender esse imbróglio, mostrou como são as normativas vigentes sobre rotulagem dos OGM e quais os desafios para hoje e para o futuro.

Todos os palestrantes foram unanimes que, apesar desses mais de 20 anos de uso de OGM no mundo, sem que tenham apresentado qualquer problema de segurança, ainda há desafios a serem superados tanto na comunicação quanto na percepção pelo consumidor, sendo desejável menos ideologia e mais ciência e técnica, mesmo no que diz respeito a rotulagem.