ILSI em Foco – outubro 2020 – Entrevista

Dia do Engenheiro de Alimentos – Entrevista com Dra. Adriana Arisseto

ILSI Brasil Qual a importância do trabalho dos (as) engenheiros (as) de alimentos para a sociedade? 

Dra. Adriana Arisseto O engenheiro de alimentos é o profissional responsável por atuar na cadeia de produção dos alimentos, desde a aquisição das matérias-primas, sejam elas de origem animal ou vegetal, até a disponibilização destes produtos ao mercado consumidor. O trabalho desenvolvido pelo engenheiro de alimentos inclui, entre outros: o fornecimento de alimentos seguros, nutritivos, palatáveis e de qualidade; a aplicação de processos para a transformação de matérias-primas e ingredientes no produto final; o aumento da vida útil de alimentos perecíveis, redução de perdas e aproveitamento de resíduos; o fornecimento de alimentos fora da época de colheita e regularidade da oferta de alimentos; o estudo da embalagem; e até mesmo questões relacionadas à distribuição, logística e conveniência no preparo das refeições.

IB Quais são os principais desafios da profissão no Brasil e no mundo?

Dra. AA
A segurança alimentar é sempre um ponto importante a ser mencionado. O acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, é direito de todos, sendo que a produção industrial é considerada essencial para superar este desafio.
A segurança do alimento é primordial e também representa um grande desafio. O profissional que atua na área deve estar sempre engajado em minimizar os riscos de contaminação de alimentos, sejam eles associados a agentes químicos, físicos ou biológicos, e até mesmo no combate às fraudes.
Outros desafios incluem: a construção de sistemas sustentáveis de alimentação; a eficiência no uso de recursos, como menor utilização de água nos processos, redução das emissões de carbono e melhor aproveitamento das partes comestíveis dos alimentos; além do estabelecimento de formas de agregar valor aos produtos agrícolas.

IB O que a pandemia de Covid-19 trouxe de aprendizados na área?
Dra. AA: A maior lição trazida pela pandemia talvez tenha sido a reflexão sobre as maneiras pelas quais obtemos e consumimos alimentos. Globalmente, o abastecimento de alimentos tem sido adequado e os mercados estão estáveis​. No entanto, as situações para as diferentes cadeias de abastecimento de alimentos variam e ainda há muitas incógnitas. De forma geral, precisamos pensar em como transformar o sistema alimentar para ser mais resiliente e sustentável.

IB O que mais gostaria de acrescentar?
Dra. AA Não podemos deixar de mencionar o importante papel do consumidor no trabalho do engenheiro de alimentos. Atualmente, as pessoas estão cada vez mais conscientes em relação ao que comem. Os consumidores se preocupam com a saúde e o bem-estar e sua relação com a composição do alimento. Desta forma, o engenheiro de alimentos deve estar sempre atento às demandas dos consumidores. 

 

Sobre a Dra. Adriana Arisseto:

Engenheira de alimentos formada pela FEA/UNICAMP, com Mestrado em Tecnologia de Alimentos e Doutorado em Ciência de Alimentos pela mesma instituição. Fez Doutorado Sanduíche no Institut Scientifique de Santé Publique / Wetenschappelijk Instituut Volksgezondheid (Bruxelas, Bélgica). Foi pesquisadora do Centro de Ciência e Qualidade de Alimentos do Instituto de Tecnologia de Alimentos (CCQA/ITAL) de 2008 a 2015, período no qual coordenou projetos financiados por agências de fomento à pesquisa relacionados a contaminantes em alimentos e sua avaliação do risco à saúde. Atualmente, é Professora do Departamento de Ciência de Alimentos da FEA/UNICAMP, na área de Toxicologia de Alimentos. Realiza pesquisas sobre a presença de compostos tóxicos em alimentos, incluindo contaminantes formados durante o processamento de alimentos, metais tóxicos, aditivos e resíduos de fármacos veterinários. Além de fazer parte do Comitê Científico Consultor do ILSI Brasil e da Força-Tarefa Food Safety, é membro do IUFoST Food Safety Committee, do Grupo Técnico de Contaminantes em Alimentos (GTFC) da ANVISA, que atua no âmbito do Codex Committee on Contaminants in Foods (CCCF), além de embaixadora brasileira da Global Harmonization Initiative (GHI).