Emulsificantes são detergentes? Podem fazer mal à saúde?

São Paulo, Brasil
07/08/2020
07/08/2020

Emulsificantes são encontrados em todas as plantas e animais

Em palestra realizada pelo ILSI Brasil, especialistas apresentam fatores que comprovam sua segurança do aditivo alimentar, no Brasil e no mundo

Emulsificantes são utilizados em alimentos em todo o mundo. No Brasil, ainda que regulamentado, gera divergência de opiniões sobre sua segurança e efeitos na microbiota intestinal humana, sendo, erroneamente, confundidos com detergentes. Por meio da Força-Tarefa Food Safety, o International Life Sciences Institute (ILSI) Brasil realizou o webinar “Emulsificantes são detergentes? Podem fazer mal à saúde?”, no último mês de agosto. O evento virtual, que trouxe dados científicos para desmitificar o aditivo, foi coordenado pela Doutora em Ciência de Alimentos Adriana Arisseto, Professora do Departamento de Alimentos da FEA/Unicamp, na área de Toxicologia de Alimentos, e Coordenadora Científica da Força-Tarefa responsável pelo encontro.

Entre as palestrantes convidadas, a Professora Doutora Ana Paula Badan Ribeiro, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia dos Alimentos da Unicamp, destacou a importância dos emulsificantes para a indústria de alimentos, com a função principal de produzir e estabilizar emulsões - misturas entre mais de uma substância, com uniformidade.  Além disso, exercem funções que contribuem também para diferentes propriedades funcionais; maior tempo de validade de produtos, como pães e bolos; substituição parcial ou total da gordura da fórmula; e melhora a distribuição da gordura utilizada no preparo de alimentos.

Mas, afinal, eles fazem mal a saúde? Este foi o tema da segunda palestra do dia, que focou nos aspectos regulatórios e de segurança dos emulsificantes, apresentada pela Dra. Maria Cecília Toledo, Engenheira de Alimentos, Doutora em Ciência dos Alimentos, Coordenadora Científica da Força-Tarefa Food Safety e membro da delegação brasileira nas reuniões do Codex Alimentarius on Food Additives. Para que um aditivo seja aprovado, como mostrou em sua apresentação, ele passa por diversos comitês científicos que farão a análise de sua composição e segurança. No Brasil, por exemplo, esta avaliação é realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Quando um aditivo é aprovado pela Agência para uso, isso significa que foram avaliados dois fatores: a necessidade tecnológica do aditivo e a comprovação de sua segurança nas condições de uso propostas; e que ambos estão comprovados, autorizando seu uso”, comentou a Dra. Maria Cecília.

Ainda que com a segurança comprovada pelos órgãos regulatórios, gerou-se a hipótese de que os emulsificantes têm potencial de danificar a barreira intestinal, levando à inflamação e aumento do risco de doenças crônicas. Porém, até o momento, não existem estudos que comprovem os efeitos potencialmente prejudiciais dos emulsificantes em humanos. “Os seres humanos provavelmente ingerem emulsificantes há milhares de anos, principalmente a partir de ovos, sem efeitos adversos relatados”, completou a Professora.

No Brasil, o emulsificante encontrado com maior frequência em alimentos é a Lecitina (INS 322). Seu nome é derivado do grego “Lekithos”, que significa “gema de ovo”, pois a substância foi isolada pela primeira vez na gema, ainda que seja naturalmente presente nas paredes celulares e em todas as plantas e animais. “A Lecitina é também comercializada em cápsulas como suplemento dietário com alegações de que pode diminuir o colesterol no sangue, a pressão arterial diastólica e aumentar a disponibilidade de compostos bioativos.

Para entender mais sobre este aditivo e sua regulamentação no Brasil e no mundo, assista o webinar completo abaixo: