Delivery em tempos de crise

O que mudou?
São Paulo, Brasil
17/06/2020
17/06/2020

Delivery em tempos de crise: o que mudou?

Webinar realizado pela Força-Tarefa Estilos de Vida Saudáveis abordou os impactos da pandemia do novo coronavírus nos serviços de entrega de alimentos, e teve participação de grandes profissionais dos setores de saúde, alimentação e negócios.

 Com a pandemia do novo coronavírus, os serviços de entrega no Brasil tiveram um aumento de quase 100% em sua demanda, de acordo com estudo realizado pela Mobills, startup de gestão de finanças pessoais. Porém, com os cuidados necessários para evitar o avanço do vírus no país, o que mudou durante este período de aumento nas entregas? Este foi o tema do webinar realizado pelo International Life Sciences Institute (ILSI) Brasil, por meio da Força-Tarefa Estilos de Vida Saudáveis, que tem Coordenação Científica do Pediatra e Nutrólogo Dr. Mauro Fisberg (Instituto Pensi).

A coordenação do webinar foi realizada pelo Dr. Carlos Nogueira de Almeida, Médico, Nutrólogo e Doutor em Pediatria pela Universidade de São Paulo (USP), além de Diretor do Departamento de Nutrologia Pediátrica da Resultados da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN); e Taiana Trovão, Engenheira de Alimentos e Responsável por Assuntos Científicos da Mondelez Brasil.

Representando o iFood, um dos maiores serviços de entrega de alimentos do mundo, que existe desde 2011, esteve a Mestre em Administração pela IBMEC e Gerente Nacional de Key Accounts do aplicativo, Bianca Tschaffon. Em sua palestra, ela ressaltou que, entre as diversas medidas que a empresa precisou tomar para garantir a segurança do serviço, estiveram as ações de bem-estar e preservação da saúde dos entregadores, que são a principal forma de contato com o consumidor. “Cuidar deste ecossistema que abrange todo o processo de produção e entregas é ainda mais importante que aumentar nosso volume de vendas. Os entregadores precisam estar saudáveis para trabalharem nas ruas. Caso adoeçam, precisam do nosso suporte por meio de benefícios que os auxiliem a ficar em casa em recuperação completa”, completou ao referir-se à política de segurança criada para este momento de cuidados redobrados durante a pandemia da Covid-19. Ela falou, ainda, sobre a estabilidade da aderência ao serviço durante o distanciamento social. “Esta curva se manteve igual, uma vez que já é ascendente desde antes da pandemia. A adesão de novos consumidores e de restaurantes é frequente, conforme vão descobrindo o ‘novo’ jeito de entregar. As pessoas antes eram acostumadas aos pedidos por telefone e muitas ainda são”, completa Bianca.

Participou também do webinar o Sócio Proprietário da Bologna Rotisserie e da Saint Germain Panificadora e Restaurante, Wagner Ferreira. Ele apontou que o setor de padarias e restaurantes sofreu grandes prejuízos durante este período. “O que salvou estes empreendimentos foi o serviço de delivery. Ao cadastrar as empresas no iFood, por exemplo, as vendas conseguiram se estabilizar, tornando-se uma excelente alternativa para os pequenos empreendedores”, disse Wagner.

O Biomédico e Diretor da Microbiotécnica, Dr. Roberto Figueiredo, conhecido nacionalmente como Dr. Bactéria, é Especialista em Saúde Pública e abordou a contaminação de alimentos e os cuidados necessários durante a pandemia. “O problema do novo coronavírus é que ainda não o conhecemos muito bem e, por isso, ele pode dar medo. O que sabemos é que ele não pode ser passado pelos alimentos, pois não há evidências científicas deste tipo de contaminação”, comentou Dr.  Roberto, que lembrou que o cuidado com alimentos é essencial, ainda assim, pois há riscos de outros tipos de contaminação, como bactérias, por exemplo.

Para a Dra. Gina Rizpah Besen, Psicóloga, Doutora em Ciências da Saúde e Consultora na área de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, “é um desafio pensar no momento único em que vivemos. Nossa geração nunca passou por uma pandemia”. Ela aponta que um dos problemas das cidades está na gestão dos resíduos sólidos, que ainda são levados a mais de 3 mil lixões espalhados em todo o Brasil, além dos resíduos orgânicos, que representam 50% dos que são produzidos pela população dentro de casa. Com a pandemia, este perfil está mudando, com o aumento da produção de resíduos recicláveis ou secos, e dos orgânicos, nas residências. Esta mudança se refere a embalagens e alimentos. “No Brasil, temos muitos catadores avulsos de lixo. A coleta seletiva e o processo de reciclagem, infelizmente, durante o distanciamento social, precisou ser pausada para evitar riscos de contaminação, o que gerou impacto na forma correta de eliminar os resíduos”, comenta a Dra. Ela lembra ainda que alterações em embalagens, por questões de segurança, foram realizadas com o objetivo de prestigiar a economia circular, na qual as embalagens cada vez mais voltem para o ciclo de vida dos produtos e reaproveitadas.