Cannabis: propriedades e implicações do uso como medicamento e em alimentos

Sessão virtual, Go to Webinar
27/08/2020
14:00 – 15:30

ILSI Brasil discute propriedades e regulamentação do uso da Cannabis no Brasil e no mundo

Em países onde o cultivo e comercialização são regulamentados, este extrato movimenta valores atrativos na economia e é utilizado, inclusive, em tratamento de doenças neurológicas

Coordenada pelo Professor Emérito da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, Franco Maria Lajolo, a Força-Tarefa Alimentos Funcionais do International Life Sciences Institute (ILSI) Brasil promoveu, na quinta-feira, 27 de agosto, o webinar “Cannabis: propriedades e implicações do uso como medicamento e em alimentos". O objetivo foi discutir seu uso medicinal, que tem ganhado destaque pelo potencial de ação em diversas condições, em especial para as doenças neurológicas, e culinário, visto que,      recentemente, deu-se início do uso, em alguns países, como ingrediente em alimentos. Isso traz novas questões relativas à finalidade do seu uso, às evidências científicas de sua segurança e eficácia, e aos aspectos regulatórios associados.

A abertura do evento foi realizada pelo Professor Franco Lajolo, que lembrou que em outros países, o uso da Cannabis é regulamentado, porém, segue em estudos de suas propriedades, e  que a percepção de seus benefícios é para diferentes fins. “Nos Estados Unidos, por exemplo, o uso do canabidiol em alimentos é associado  a bem-estar. Eles são usados pela propriedade de aliviar a ansiedade e dores de cabeça, além de melhorias na qualidade do sono. Entretanto, ainda existem dúvidas se estes benefícios são realmente comprovados e se há evidências científicas suficientemente robustas para tal. No Brasil, existe um vasto histórico de estudos sobre o tema, com grupos especializados e dedicados a este fim”, falou o professor.

Entre os palestrantes, esteve o Doutor em Farmacologia de Produtos Naturais e Professor Titular da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual de Campinas, João Ernesto de Carvalho. Sua abordagem focou os aspectos farmacológicos e toxicológicos da cannabis em medicamentos e alimentos. Ele ressaltou que o uso medicinal é de grande importância para o tratamento do câncer, contribuindo para amenizar os sintomas da quimioterapia, como a náusea, por exemplo. “Existe o tetra-hidrocanabinol (THC) sintético, ou extratos ricos em THC, usados para fins terapêuticos. Já o Canabidiol (CBD) é mais para amenizar dores inflamatórias, além de medicamento para tratamento de epilepsia e convulsões (CBD), distúrbio de sono e ansiedade. O uso é para diversos fins, inclusive para esquizofrenia (THC) e tratamento de psicoses (CBD)”, comentou.

O segundo palestrante do evento, Professor Doutor José Luiz da Costa (FCF-UNICAMP), abordou os aspectos analíticos desses compostos, ressaltando que o mercado da cannabis tem movimentado valores bem atrativos para negócios em países onde seu cultivo e comercialização são permitidos. “No México, por exemplo, a cannabis é utilizada em rituais e tratamentos de glaucoma e bronquite. Na China, ao longo da história, já foi utilizada para tratar gota, reumatismo, desordens menstruais, malária, constipação e falta de atenção. Há, também, relatos de usos médicos na Índia”, citou o professor.

 

Uso da erva no Brasil

No país o assunto ainda é bastante polêmico, mas é possível observar notáveis avanços, principalmente, para o uso terapêutico. Grande parte dos pacientes que necessitam do produto à base de cannabis só conseguem acesso por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Entre as exigências estão a comprovação por meio de prescrição, relatório médico e termo de responsabilidade, assinado tanto pelo médico quanto pelo paciente.

Dados da Anvisa revelam que as solicitações para importação também cresceram. Desde 2015, por exemplo, mais de 7.780 pacientes já tiveram essa permissão. As doenças mais citadas nos laudos médicos são epilepsia, autismo, dor crônica, Parkinson e transtornos de ansiedade. Por enquanto, sem uma legislação que garanta o cultivo da cannabis para fins medicinais e a produção de medicamentos, os pacientes precisam recorrer a produtos importados, que não passam pelo crivo sanitário brasileiro.

 

Avanços no segmento

Neste ano, o país ainda contou com uma novidade, que foi o desenvolvimento do primeiro extrato canabidiol, realizado por uma parceria entre a indústria farmacêutica e cientistas da FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) da USP (Universidade de São Paulo), que há décadas pesquisam possíveis aplicações farmacêuticas para compostos derivados da planta Cannabis sativa. O produto foi liberado para comercialização pela Anvisa em abril, e os primeiros lotes foram entregues ao mercado em maio. Entretanto, a venda só é permitida com receita médica, conforme já acontece com calmantes, antidepressivos e outras substâncias psicoativas.

 

O webinar ‘Cannabis propriedades e implicações do uso como medicamento e em alimentos’, pode ser conferido abaixo ou no canal do YouTube do ILSI Brasil, neste link