Atualização em métodos alternativos
São Paulo, Brasil
25/06/2019
Métodos Alternativos
ILSI Brasil promoveu café da manhã sobre inovação e a utilização de novos métodos na testagem e avaliação do risco de substâncias químicas
A Força-Tarefa Agroquímicos, que é parte do Comitê de Avaliação do Risco do International Life Sciences Institute (ILSI) Brasil, tem como principal objetivo fomentar discussões que busquem inovações nas áreas de toxicologia e avaliação do risco de substâncias químicas à saúde humana e ao meio ambiente. O café da manhã sobre métodos alternativos de testagem de substâncias químicas foi mais uma destas ações, que reuniu profissionais da área, apresentando os principais desafios e rumos que o setor tem seguido. O evento foi coordenado pela Dra. Cristiana Leslie Corrêa, membro da FT responsável, e aconteceu na terça-feira, 25 de junho, no restaurante Fleming’s, em São Paulo.
A abertura foi feita pela Dra. Shadia Catalano, Biomédica, Mestre e Doutora em Patologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), especialista na área de toxicologia regulatória e membro da Sociedade Latino-Americana de Patologia Toxicológica (ALAPT). A palestra teve como tema principal a aplicação e os desafios regulatórios de métodos alternativos para praguicidas no Brasil. Shadia apontou que a área já tem tido grandes avanços, mas ainda há muito o que evoluir. No Brasil, por exemplo, ainda não há uma estratégia de testes que seja integralmente válida para praguicidas e um teste alternativo ainda não consegue predizer ou substituir completamente um teste in vivo. Ela ressaltou também que, de acordo com a portaria 3/92 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não é possível aplicar a classificação toxicológica atual com base nos resultados dos estudos alternativos.
A palestra “Métodos inovadores para avaliação de alergenicidade” foi ministrada pela Dra. Marize Campos Valadares, Farmacêutica e Bioquímica, Professora Associada de Toxicologia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Fundadora e Coordenadora do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Toxicologia In Vitro (ToxIn). Ela alertou que, para induzir a sensibilização da pele, é necessário conhecer o potencial das substâncias químicas ou produtos. A ideia é prevenir a chamada Dermatite de Contato Alérgica (DCA). Este procedimento é feito em duas fases: indução da sensibilização dérmica e estabelecimento da reação imunológica.
Uma das formas de avaliação apontadas na palestra foi a de evolução adversa (AOP). O AOP é a sequência de eventos-chave, desde o evento de iniciação molecular até um resultado in vivo. A ideia da utilização de métodos in vitro é substituir estes testes em seres vivos, uma vez que ambos têm precisão semelhante (72%) quando comparados aos dados humanos.
O método que utiliza modelo de pele humana reconstruída é uma das alternativas à utilização de animais em testes alergênicos. Este foi o tema da palestra ministrada por Rodrigo De Vecchi, Mestre em Farmacologia e Doutor em Genética Humana e Biologia Molecular pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Gerente de Pesquisa Avançada na L’Oréal e Diretor da Episkin.
Em sua palestra, Rodrigo falou sobre os desafios que a indústria de cosméticos enfrenta na testagem de alergenicidade de produtos. “Desde 2013, a indústria de cosméticos é proibida de realizar testes em animais. Nossa estrutura de testes é 100% in vitro, já há bastante tempo, desde 1979”, comentou ao mostrar o avanço na linha do tempo dos métodos de testes, que cada vez mais contam com a tecnologia para substituir e reduzir riscos à natureza e à saúde humana. Para ele, a cooperação internacional de profissionais é a chave para a inovação de novos métodos, que já visam utilização de células-tronco, bioimpressão 3D, criação de micro órgãos e organs-on-a-chip, que é um modelo mais complexo e sistêmico, já em estudos e que, uma vez validado, pode dar uma boa resposta em termos de toxicidade sistêmica e otimizar a forma de testar componentes químicos em cosméticos.